
Estratégia
Escrito por:
Focusnetworks
4 de jun. de 2025
O mercado de suplementos vive uma ascensão sem precedentes. Segundo o Consumer Survey 2024, do Council for Responsible Nutrition, quase 75% dos adultos afirmam consumir suplementos regularmente, seja por motivos estéticos, de performance ou saúde preventiva. Paralelamente, as redes sociais testemunham o surgimento acelerado de uma nova categoria de influência: os “fit-fluencers”. Estima-se que mais de 50 mil criadores de conteúdo falem ativamente sobre suplementação em plataformas como Instagram, TikTok e YouTube, influenciando diretamente o comportamento de compra de milhões de seguidores.
É nesse cenário que os influenciadores se consolidaram como verdadeiros catalisadores de vendas. O impacto é real: campanhas com creators fitness chegam a retornar até 7 vezes o valor investido, superando os benchmarks de mídia paga em outras categorias do varejo . Para as marcas, a equação parece imbatível — visibilidade, engajamento e conversão com uma única parceria.
O dilema: quando o influenciador cresce mais que a marca
No entanto, há um efeito colateral cada vez mais perceptível: o conteúdo gera engajamento para o influenciador, mas não necessariamente para a marca. O público interage, comenta, salva — mas atribui esse valor ao carisma do creator, não aos diferenciais do produto ou à identidade da empresa.
Pior: quando a marca depende demais do creator para manter o relacionamento com o público, ela terceiriza a construção de vínculo e valor simbólico. Em vez de cultivar uma narrativa própria, sustentada por sua proposta e essência, a marca se apoia exclusivamente na personalidade emprestada de terceiros. E quando esse influenciador muda de marca, se afasta ou perde relevância, a percepção de valor construída se desfaz junto com ele. O resultado é um funil de marketing frágil, que gera picos de atenção sem consolidação de posicionamento.
Por que isso acontece?
Esse descolamento entre marca e resultado não é casual — ele nasce de três falhas recorrentes nas estratégias de influência:
Baixo nível de integração entre marca e influenciador
As marcas muitas vezes tratam o creator como um canal de mídia, e não como um parceiro estratégico. O influenciador recebe um produto, um cupom e um pedido de menção — mas sem se envolver com a missão, o público ou a lógica de diferenciação da marca.Falta de storytelling conjunto
Em vez de cocriar uma jornada com o influenciador, muitas empresas limitam-se ao “publipost” pontual, sem contexto ou continuidade. O conteúdo aparece desconectado da estratégia maior da marca — o que enfraquece a construção de autoridade e valor percebido.Briefings rasos e pouco estratégicos
Na tentativa de manter “autenticidade”, o briefing ignora o direcionamento necessário para transformar o creator em porta-voz de uma causa real. Sem insumos, dados e caminhos criativos bem definidos, o influenciador faz o que sabe — fala de si mesmo. E a marca fica em segundo plano.

Como a Metodologia Unbound ajuda a resolver esse desafio
Resolver o desequilíbrio entre engajamento do influenciador e construção de marca exige mais do que um bom casting. Exige método.
É aqui que entra a Metodologia Unbound — um framework de cocriação que organiza a produção de conteúdo em torno de quatro etapas narrativas fundamentais da jornada do consumidor: Descoberta, Consideração, Decisão e Experiências (Própria e Compartilhada). Cada fase tem um papel estratégico e exige uma abordagem específica para que a audiência evolua de forma natural — e intencional — até a conversão.
1. Descoberta: onde tudo começa
Nesta fase, o público ainda não está buscando ativamente o seu produto — talvez nem saiba que precisa dele. Por isso, o conteúdo precisa gerar curiosidade, identificação emocional e relevância cultural. É aqui que entram os conteúdos HELP: vídeos que respondem dúvidas comuns, reels que abordam dores do dia a dia ou até trends criativas que inserem a marca no imaginário do público sem ser invasiva.
O objetivo é simples: apresentar a marca como uma aliada, e não como uma vendedora. A autoridade ainda está em construção, mas a afinidade começa a ser criada.
Exemplos de conteúdo:
“Por que você sente cansaço mesmo se alimentando bem?”
“3 sinais de que sua recuperação muscular pode estar falhando”
“O que é proteína de liberação prolongada — e por que ela importa?”
2. Consideração: aprofundamento e autoridade
A fase da consideração exige conteúdo mais técnico, mais denso e mais direcionado. Aqui, a audiência já reconhece a necessidade de um suplemento e começa a comparar alternativas. Por isso, a marca precisa trazer provas, bastidores e diferenciais reais: seja em termos de qualidade, eficácia, composição, certificações ou mesmo experiência sensorial.
Neste ponto, o influenciador não é mais só um chamariz — ele precisa se posicionar como usuário real, testador, questionador, alguém que está imerso na marca o suficiente para gerar confiança em quem ainda está em dúvida.
Conteúdos híbridos entre HELP e SELL são ideais nesta etapa:
Vlogs mostrando o uso do suplemento na rotina
Reviews com antes e depois de desempenho
Comparações técnicas entre produtos ou versões
Explicações simplificadas com nutricionistas convidados
Tour pelo laboratório ou fábrica com o influenciador
3. Decisão: hora da conversão
Só agora entra o conteúdo 100 % SELL — aquele que tem oferta clara, call-to-action direta e linguagem de urgência. Isso porque a audiência já percorreu a jornada anterior e agora está pronta para decidir. Neste momento, o objetivo é reduzir o atrito da última etapa: mostrar onde comprar, que vantagens existem, e por que agora é a hora certa.
Aqui o influenciador atua como um validador final, oferecendo gatilhos de confiança e facilitando a escolha.
Exemplos:
Live com cupons exclusivos
Stories com contagem regressiva e depoimentos
Unboxing de kits especiais para quem comprar nas primeiras 24h
Desconto com nome personalizado do influenciador
4. Experiência Própria: o encontro com a expectativa
A conversão aconteceu, mas a jornada está longe de acabar. Agora, é hora de garantir que a experiência de uso atenda ou supere as expectativas, criando um ciclo positivo de recompra, confiança e recomendação espontânea.
O foco aqui é CX (Consumer Experience) e UX (User Experience): desde o sabor e a textura do suplemento até a clareza da embalagem, o tempo de entrega e a sensação de resultado percebido.
O influenciador, ainda que não atue com foco em conversão direta nesse momento, pode fortalecer a adesão ao produto, compartilhando sua rotina real, seus resultados e incentivando o uso correto.
Exemplos de iniciativas:
Diário de uso: “30 dias com a nova proteína — veja meu antes e depois”
Conteúdo exclusivo para clientes pós-compra (e-mails, vídeos, acesso VIP)
Campanhas de remarketing com foco em recompra
Pesquisa de NPS e monitoramento ativo de redes sociais
5. Experiência Compartilhada: o cliente como megafone
Este é o momento em que o cliente — satisfeito e confiante — se transforma em promotor espontâneo da marca. Aqui, a metodologia Unbound dá espaço para os próprios consumidores (inclusive os nano influenciadores) criarem conteúdos sobre o produto com legitimidade e orgulho. A marca passa a ser compartilhada não apenas como solução, mas como parte de uma identidade. O conteúdo deve ser fácil de replicar, rápido de engajar e emocionalmente recompensador para quem compartilha.
Exemplos de iniciativas:
Repost de treinos com o produto marcando a marca e o influenciador
Programas de indicação com recompensas (“Indique e ganhe +1 mês grátis”)
Comunidades exclusivas com o influenciador para assinantes ou embaixadores
Campanhas de hashtag com desafios coletivos (#21DiasSemAusência)
Nessa etapa, a marca passa a ser construída pela comunidade, não apenas comunicada por ela. É aqui que nasce o verdadeiro capital social, e o influenciador assume um novo papel: facilitador de pertencimento e catalisador de narrativas coletivas.
Influenciador como cocriador da jornada
A grande diferença da Metodologia Unbound está no papel ativo do influenciador em cada fase. Em vez de receber um roteiro pronto, ele é envolvido desde o início como cocriador estratégico, ajudando a pensar os formatos, a linguagem e até os ganchos emocionais mais fortes para sua audiência.
Isso garante:
Alinhamento de propósito entre marca e creator
Maior fluidez narrativa, com conteúdos que fazem sentido para ambos
Consistência na jornada do público, sem que cada post pareça um conteúdo desconectado
Além disso, esse modelo potencializa a performance: quando o influenciador está envolvido em toda a construção do storytelling, ele defende a marca com mais propriedade — e o público sente isso.
HELP x SELL: dois lados da mesma jornada
Uma das armadilhas mais comuns no marketing de influência — especialmente no segmento de suplementos — é a pressa em vender. Marcas muitas vezes iniciam parcerias com influenciadores esperando resultados imediatos, apostando todas as fichas em conteúdos puramente comerciais. Mas vender sem antes educar, conectar e construir confiança é como tentar colher sem antes preparar o solo.
É nesse ponto que a Metodologia Unbound oferece uma inversão poderosa de lógica: antes de converter, é preciso construir contexto. A audiência precisa entender o problema, visualizar a solução, e — acima de tudo — confiar em quem apresenta o caminho. E isso não acontece com um único post patrocinado.
Por isso, a jornada começa com conteúdos HELP — materiais que respondem dúvidas, ensinam, oferecem valor real. São conteúdos que não pedem nada em troca, mas entregam percepção de utilidade, cuidado e autoridade. O influenciador, nesse cenário, age como guia e não como vitrine: alguém que compartilha experiências, tira dúvidas frequentes, quebra mitos e aproxima a marca da vida real do consumidor.
Só depois de construído esse território de credibilidade é que entram os conteúdos SELL — mais focados na conversão direta. Aqui, o influenciador assume o papel de validador, alguém que já vivenciou o produto, conhece seus benefícios e agora convida a audiência a dar o próximo passo com confiança. A proposta de valor já está enraizada, e o conteúdo de venda chega no momento certo: não como uma imposição, mas como uma consequência natural da jornada.
O erro mais comum é inverter essa lógica — abordar o público com oferta antes de construir relevância. Quando isso acontece, o conteúdo soa artificial, desconectado ou forçado. A audiência sente, resiste e, em vez de aproximação, nasce a desconfiança.
O equilíbrio entre HELP e SELL é, portanto, mais do que uma divisão tática. É um ritmo de relacionamento. É o que transforma campanhas pontuais em narrativas de longo prazo, onde o influenciador não apenas brilha — ele ilumina o caminho, pavimentando uma trilha de afinidade que faz com que o público enxergue a marca com mais clareza, mais empatia e, principalmente, mais desejo.
Boas práticas para a cocriação estratégica
Uma vez compreendida a importância de envolver o influenciador em toda a jornada — e não apenas no momento final da conversão —, o próximo passo é estruturar esse processo com inteligência criativa e alinhamento tático. Abaixo, reunimos um conjunto de boas práticas para transformar ações pontuais em estratégias contínuas e cocriadas.
1. Como estruturar um briefing colaborativo
O briefing tradicional muitas vezes limita o criador, ao invés de empoderá-lo. Um briefing colaborativo, por outro lado, orienta com clareza estratégica, sem engessar a criatividade. Ele não entrega apenas o “o que dizer”, mas sim com quem falar, por que falar e qual efeito se espera gerar.
Aqui estão os elementos essenciais:
Contexto e desafio da marca: qual é a dor real que estamos resolvendo com a campanha?
Persona-alvo com profundidade comportamental: não apenas “homens entre 25 e 35 anos”, mas quais são seus valores, dúvidas, objeções e estilo de vida.
Tensão central e benefício aspiracional: por que essa marca é diferente? E como ela melhora a vida das pessoas?
Objetivo de cada etapa da jornada: o que queremos gerar em Descoberta, Consideração, Decisão e Experiências?
KPIs e liberdade criativa: o que precisa ser mantido (claims regulatórios, identidade visual, etc.) e onde o creator pode improvisar.
Além disso, inclua o influenciador em uma sessão de ideação com o time de marca — mesmo que seja por videochamada. Esse momento de cocriação gera senso de pertencimento e, muitas vezes, desbloqueia ideias que a marca jamais teria sozinha.
2. Formatos que equilibram autoridade da marca com carisma do influenciador
Uma campanha estratégica não deve se apoiar em apenas um post ou uma única estética. Ela precisa de formatos complementares, que combinem a credibilidade do produto com a personalidade do creator. Aqui vão alguns exemplos:
→ Minisséries temáticas (3 a 5 episódios)
Perfeitas para atravessar a jornada completa. Exemplo:
Episódio 1: “Por que estou travado na academia?”
Episódio 2: “Fui testar um suplemento com alta absorção por 15 dias”
Episódio 3: “Resultado, ajustes e o que eu aprendi”
→ Desafios participativos (ex: 21 dias)
Criam engajamento diário, conteúdo gerado por usuários (UGC) e prova social.
Exemplo: “#21DiasComEnergia — creator e seguidores usando um novo pré-treino da marca, registrando treinos e evolução juntos.”
→ Reviews com bastidores da marca
Aproximam o público dos processos e reforçam segurança e autenticidade.
Exemplo: “Fui até a fábrica entender o que tem dentro do scoop” ou “Conversei com a nutricionista responsável pelo desenvolvimento do produto”.
→ Lives de “decisão” com provas sociais
O influenciador compartilha a experiência final com a marca, responde perguntas em tempo real e oferece condição exclusiva. Ideal para fase SELL.
Esses formatos mantêm a narrativa dinâmica e evitam que a campanha soe como mais do mesmo.
3. Co-branding de conteúdo: como aplicar no universo fitness
Mais do que patrocinar o influenciador, que tal criar com ele algo inédito? O co-branding de conteúdo é a evolução do marketing de influência — onde o influenciador deixa de ser mídia e vira autor do produto ou da experiência. No mercado fitness, isso pode ser aplicado de diversas formas:
→ Sabor exclusivo cocriado
Exemplo: “Edição limitada sabor Açaí com Banana by @LeticiaRunner”, com storytelling sobre como o influenciador ajudou na escolha do perfil sensorial.
→ Kits de performance personalizados
Bundle de produtos + e-book de treino criado pelo influencer + playlist de treino no Spotify. QR Code no rótulo leva para a experiência completa.
→ Websérie “do conceito ao potinho”
Conteúdo imersivo mostrando o desenvolvimento de um produto do zero, com o influenciador participando do processo — da escolha do ingrediente à identidade visual.
→ Comunidade fechada com o influenciador
Assinantes recebem produto + acesso a um grupo exclusivo com o influencer, onde ele compartilha bastidores do treino, alimentação, evolução pessoal, etc.
Além de fortalecer a conexão emocional com a marca, esse tipo de cocriação amplifica o senso de exclusividade e pertencimento, dois gatilhos poderosos no universo fitness.
Conclusão: o futuro da influência é cocriado
A era do influenciador como “vitrine ambulante” está ficando para trás. O público evoluiu e quer histórias com contexto, verdade e valor. Os creators mais relevantes hoje não são apenas rostos bonitos com alcance alto; são plataformas vivas de experiência, com voz própria, autoridade temática e comunidades engajadas.
Para as marcas de suplementos, isso significa uma escolha estratégica: seguir tratando o influenciador como canal de mídia ou elevá-lo à condição de cocriador. O segundo caminho exige mais envolvimento, mais inteligência narrativa e mais liberdade criativa, mas, em troca, entrega algo que publipost nenhum consegue oferecer: afinidade real, brand equity e conexão emocional de longo prazo.
Mais do que vender um produto, é hora de facilitar histórias que o público quer ouvir. E que só fazem sentido quando marca e influenciador contam juntas, do primeiro post à recompra.
Agora vamos colocar em prática. Nosso time pode te ajudar com uma análise personalizada para o seu negócio. Clique aqui e fale com a gente.
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