Tendências
Escrito por:
Focusnetworks
2 de dez. de 2025
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Durante a última década, nos acostumamos a navegar em um Instagram que funcionava como um jogo de adivinhação. Você parava o dedo por alguns segundos em um vídeo aleatório e, de repente, o aplicativo decidia que aquele era o seu novo assunto favorito, inundando seu feed com conteúdos similares. Era um sistema onde a máquina tentava prever seus gostos baseada apenas no seu comportamento momentâneo, muitas vezes prendendo o usuário em bolhas de conteúdo repetitivo que geravam mais cansaço do que conexão real.
Em 2025, esse cenário muda drasticamente com a consolidação do conceito de “Seu Algoritmo”. O Instagram finalmente admitiu que a "adivinhação" da inteligência artificial não é suficiente e entregou as chaves do feed de volta ao dono: o usuário. Com novos recursos que permitem resetar o histórico de sugestões e editar manualmente uma lista de interesses, a plataforma inaugura uma era onde a curadoria é compartilhada. Agora, não basta a máquina achar que o seu conteúdo é bom; o usuário precisa confirmar explicitamente que quer vê-lo.
Para as marcas e criadores, essa mudança é um aviso claro: a era da "pesca de arrastão" — jogar qualquer conteúdo na rede esperando pegar alguém — acabou. Entramos na fase da hiper-relevância. Neste novo ambiente, marcas que insistem em volumes massivos de posts rasos serão filtradas e silenciadas, enquanto aquelas que conseguirem se alinhar aos interesses declarados de seu público encontrarão um terreno fértil para crescimento sustentável e qualificado. Para a Focusnetworks, isso confirma que a estratégia de conteúdo precisa deixar de ser um monólogo para se tornar uma resposta aos desejos reais da audiência.

Do alcance acidental à escolha consciente: como o feed mudou
A grande novidade técnica que redefiniu as regras do jogo é a transição de um algoritmo baseado em sinais implícitos (o que você faz sem perceber) para sinais explícitos (o que você diz que quer). Antes, uma marca poderia aparecer no feed de alguém "por acidente", pegando carona em uma tendência viral. Agora, o Instagram introduziu ferramentas como o "Resetar Sugestões", que permite ao usuário zerar o aprendizado da IA, e o painel "Gerenciar Interesses". Na prática, isso significa que o usuário pode entrar nas configurações e dizer com todas as letras: "Quero ver mais sobre Gestão e menos sobre Humor".
Essa funcionalidade cria uma barreira de entrada inédita. Quando um usuário decide limpar seu feed, ele realiza uma auditoria rigorosa de quem ele segue e do que consome. O algoritmo entra em um modo de "reaprendizado", descartando anos de suposições e priorizando apenas o que é essencial. Se o conteúdo da sua marca for classificado como ruído ou irrelevante durante essa limpeza, a entrega orgânica é cortada na raiz. O feed deixa de ser um espaço passivo e torna-se um ambiente configurado ativamente pelo usuário, onde só entra quem tem permissão ou relevância comprovada.
Para o mercado, o impacto é imediato: o fim da estratégia de "tentativa e erro". Marcas que postam sobre tudo e qualquer coisa, sem uma linha editorial definida, correm o risco de serem categorizadas erroneamente ou, pior, de serem bloqueadas por usuários que estão refinando seus interesses. O algoritmo de 2025 foi programado para respeitar a vontade do usuário acima da viralidade momentânea. Isso significa que a consistência temática não é mais apenas uma boa prática de branding; tornou-se uma exigência técnica para que o seu conteúdo seja indexado corretamente e entregue às pessoas certas.
A nova moeda de troca: envios e retenção no lugar de likes
Se o usuário agora controla o feed, como o algoritmo decide o que é relevante dentro dos tópicos permitidos? A resposta está na mudança radical das métricas de sucesso. Adam Mosseri, chefe do Instagram, confirmou que a plataforma deixou de priorizar métricas de vaidade, como curtidas simples, para focar em sinais de valor real. No topo dessa nova hierarquia estão os Envios (Sends). Quando alguém envia seu post para um amigo via Direct, o algoritmo entende isso como o selo máximo de qualidade. É a prova de que aquele conteúdo foi útil ou interessante o suficiente para ser compartilhado em uma conversa privada.
Logo abaixo dos envios, o Tempo de Visualização (Watch Time) tornou-se o segundo pilar de sustentação. O sistema não conta mais apenas a visualização rápida; ele mede se você foi capaz de prender a atenção da pessoa, especialmente retendo-a após os primeiros segundos. Isso derruba a eficácia de vídeos curtos e vazios feitos apenas para ganhar cliques (clickbait). O conteúdo precisa ter densidade. Juntamente com os Salvamentos — que indicam intenção de consultar depois — e a inclusão na lista de Interesses, forma-se um ecossistema onde a utilidade vence a popularidade superficial.
Isso explica por que muitas marcas viram seu alcance cair mesmo mantendo a frequência de postagens: elas estavam otimizando para likes, enquanto o algoritmo estava procurando por envios. Um vídeo viral que gera milhares de curtidas de um público desqualificado (que não tem interesse real no seu nicho) agora pode ser tóxico para a conta. Se esses usuários "aleatórios" marcarem o post como irrelevante ou simplesmente o ignorarem na próxima vez, a pontuação geral da conta cai. A guerra pela atenção agora é estratégica: o objetivo não é ser visto por todos, mas ser "enviável" e "salvável" para o grupo certo.
A jornada unbound: adaptando a estratégia para a hiper-relevância
Neste cenário de filtros rigorosos, a metodologia Jornada Unbound se prova essencial, pois organiza a produção de conteúdo não pelo volume, mas pela etapa de relacionamento com o cliente. Na fase de Descoberta, por exemplo, o "alcance aleatório" morreu. Para ser descoberto, seu conteúdo precisa ser rastreável. Legendas e textos na tela devem funcionar como SEO, contendo as palavras-chave exatas dos tópicos de interesse que o usuário selecionou no painel dele. Além disso, o foco deve ser criar Reels desenhados especificamente para serem enviados (compartilháveis), pois é o envio que rompe a bolha e apresenta a marca a novos públicos de forma validada.
Já nas etapas de Consideração e Conversão, a densidade do conteúdo torna-se a chave para evitar o "filtro de desinteresse". O Instagram aumentou o limite de Carrosséis para 20 slides e permitiu Reels mais longos justamente para reter o usuário. Para a estratégia da marca, isso significa a oportunidade de criar "micro-aulas" ou narrativas profundas. Se o usuário percebe valor real e consistência, ele não apenas consome, mas adiciona a marca aos seus Favoritos ou Interesses. Por outro lado, marcas que usam táticas de crescimento artificial (como sorteios) verão suas taxas de conversão despencarem, pois usuários desengajados serão os primeiros a resetar seus feeds, eliminando o ruído.
Finalmente, na fase de Experiência, a relevância vira um efeito dominó. Quanto mais o seu cliente atual interage com a marca — enviando posts para amigos ou respondendo Stories —, mais o tema da sua empresa permanece "ativo" e protegido contra resets no algoritmo dele. A lealdade agora é técnica: manter o cliente engajado garante que a porta do feed dele continue aberta para você. O conteúdo de pós-venda e de comunidade deixa de ser algo secundário para se tornar uma ferramenta vital de manutenção da visibilidade orgânica.
O imperativo estratégico: menos ruído, mais nicho
Diante dessas mudanças, o plano de ação para as marcas é claro: abrace o nicho. A era do generalismo acabou. Como o painel de "Gerenciar Interesses" opera com categorias específicas, sua marca precisa ter uma identidade clara. Se você é uma empresa de tecnologia, não adianta tentar surfar na onda de memes de entretenimento genérico apenas para ganhar views. Isso confunde a categorização da IA e aumenta a chance de você ser filtrado para fora do feed do seu público-alvo. Defina seus territórios de conteúdo e seja a autoridade máxima neles.
Além da definição temática, a personalização dos formatos é obrigatória. Não basta "postar um vídeo". É preciso entender o papel de cada peça:
Reels Curtos e Dinâmicos: devem focar puramente em entretenimento ou identificação rápida para gerar Envios (Descoberta).
Carrosséis e Reels Longos: devem entregar profundidade, educação e utilidade para gerar Salvamentos e Tempo de Tela (Consideração).
Stories e DMs: devem focar em relacionamento humano e resposta direta para gerar Confiança (Conversão).
Em última análise, o recurso “Seu Algoritmo” é uma correção de mercado que penaliza a mediocridade e premia a estratégia. Marcas que operam no modo "spray and pray" (atirar para todo lado) serão varridas nas limpezas de feed. Já aquelas que, como a Focusnetworks preconiza, utilizam dados para construir narrativas consistentes e úteis, encontrarão um público talvez menor em números absolutos, mas drasticamente mais valioso em intenção de compra. A pergunta que fica para 2026 não é "como viralizar?", mas sim: "Sua marca é um interesse real para alguém ou apenas mais um conteúdo esperando para ser resetado?".
Por fim, se a sua empresa quer entender como auditar sua presença atual frente aos novos sinais de classificação e construir uma estratégia baseada em interesse real e na Jornada Unbound, fale com a Focusnetworks. É hora de sair do “publicar por publicar” para o “publicar com intenção”. Quem fizer essa virada primeiro não apenas ganhará relevância: assumirá o espaço que muitas marcas estão, silenciosamente, deixando para trás.




